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domingo, 24 de abril de 2011

Inauguração da Protetora das Águas

Depois de quase dois anos encomendada, recém sábado último(dia 23 de abril de 2011) inauguramos a tão esperada escultura"Protetora das Águas"
Seu Olívio Dutra, ex-ministro e governador do Rio grande do Sul, em suas várias visitas ao meu ateliê, havia exposto seu interesse em encomendar uma escultura para a residência da família Dutra, aqui em São Luiz Gonzaga. No local onde ele e seus irmãos cresceram sob o olhar e proteção dos pais: Cassiano e Amélia Dutra, já falecidos... 
Conheci seu Cassiano e D. Amélia em 2001, fui visitar a casa da família Dutra, pois sabia da existência das várias obras de arte lá expostas, dona Amélia mostrou-me toda casa com muita alegria.
Disse que uma das obras que seu filho Olívio, gostava, era uma pequena estatueta que retratava ele laçando, grande surpresa ela teve quando disse-lhe que eu tinha feito a estatueta em questão(vide foto).
A Protetora das águas, a princípio era para ser uma índia guarany, ajoelhada, com uma ânfora nos braços, jorrando água, tal como uma fonte, idéia original e criativa do seu Olívio. 
Esbocei uma guerreira com arco e flechas e com porongo despejando água em um pote de barro. 
Escolhi colocar armas para não dar muita impressão de submissão por estar ajoelhada e outro motivo é porque me encantam as guerreiras, elas representam muito todas as mulheres, toda mulher tem muito de guerreira...
O nome foi sugestão minha, para não confundirem com Iara a mãe das águas e nem com Iemanjá a rainha das águas, as quais sou muito fã das duas.
Hoje vejo que a figura representa além de um símbolo para a família Dutra, um símbolo de proteção das nossas águas do aquífero guarany e principalmente das nossas nascentes
Uma nascente é como uma criança, deve ser preservada.
Nesse tocante, São Luiz Gonzaga está muito bem servida pois vejo que há uma preocupação e ações de preservações das nossas nascentes, tanto pela atuante secretaria do meio ambiente, como da Aparp (associação de proteção ao meio ambiente); sei disso pois moro entre duas nascentes preservadas, uma no quarteirão em frente minha casa e a outra no quarteirão dos fundos, nas duas é proibido todo e qualquer tipo de construção ou danificação. Que eu seja também uma nascente no meio dessas nascentes, uma nascente de cultura e arte.

Neste último sábado, dia 23 de abril de 2011, deixei ali, no solo sagrado para os Dutras, um forte símbolo, materializado em forma de concreto armado, na proporção de dois metros de altura(1,75, por estar agachada) e pesando mais de uma tonelada. 
Foram três meses de dedicação para moldar mais uma obra no estilo que audaciosamente batizei de Realismo Missioneiro e como disse ao seu Olívio, daqui a uns cem anos ela terá um valor grandioso.
Lógico que a estatura de uma india guarany ou de qualquer mulher normal não é de dois metros de altura, mas essa proporção desproporcional me encanta...

Agradeço ao seu Samuel, dona Marlene e seu Olívio pela liberdade e confiança em poder criar mais este símbolo para nossa cidade.


































Protetora das Águas rumo a sua nova casa...










Quarta feira, 20 de abril de 2011, nos deslocamos com ela: A protetora das águas, até sua definitiva residência: a casa da família Dutra!
Lá onde cresceram, seu Olívio, Samuel, dona Marlene...
No lar construído pelo Sr. Cassiano e dona Amélia.
Tudo certo no translado do sempre competente Nenê, braço direito dos Guinchos Taborda
Noutra feita, fomos com ele até Porto Alegre levarmos uma estátua para o parque da Harmonia.Uma bela e outra história...
O peso dela passou dos 900 kg, calculo pelo estrago que fez nas rodas do meu carrinho, onde construí ela em cima.
A altura dela de dois metros é uma característica de um estilo que audaciosamente batizei de: Realismo Missioneiro.
Logo teremos outra índia para nascer e vir ao mundo.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Um dia de Indio Soterrado



No dia do índio, pouco restou do esplendor missioneiro para comemorarmos... 
Guaranys não existem mais aqui e os poucos Kaigangues continuam sua eterna rotina de vender cestos e mendigar migalhas. 
Vivem nas Missões acampados pelas rodoviárias.
E o que recebem é uma lata de leite em pó e olhares de compaixão.
Como dizia Jayme Caetano Braun em seus belos poemas: "...Na bendita teimosia de continuar brasileiro..."

E os que tem poder de decisão, os designados e sabiamente escolhidos, ficam com uma só frase na mente:
"Índio não tem força de voto!"






Fiz esta estatueta chamada "Missões Soterrada" representando o fantástico mundo que foram as Missões Jesuítico-Guarany e o esquecimento proposital que a soterrou...
Como um apelo para rompermos esse véu de sonolência que tanto teima em nos sufocar...
Hoje ser índio, nestas terras e no seu dia, é algo que merece mais reflexão do que comemoração.











Abaixo, um poema sobre o tema.